Descrito pela primeira vez por Leo Kanner em 1948, as características principais apresentadas pelo pesquisador mantêm-se até hoje, quais sejam: déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, além de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.

Abaixo está apresentado como se manifestam estes dois grupos de sinais e sintomas.

1. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos:

. dificuldades para iniciar e manter interações sociais.

. atraso na aquisição da linguagem

. déficits no uso da linguagem verbal, mesmo que tenha aprendido vocabulário e gramática de forma adequada.

. dificuldades na reciprocidade emocional, parecendo desligados das outras pessoas.

. diminuição ou ausência de comunicação não-verbal, tal como gestos, mímicas e expressões faciais.

. pouco ou nenhum contato visual (sendo este um dos primeiros sinais).

. ausência de interesses comuns aos seus pares de mesma idade.

. incapacidade de compartilhar brincadeiras e situações imaginárias.

. dificuldades em modificar o comportamento de acordo com o contexto.

2. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades:

. movimentos motores estereotipados. Por exemplo, ficar batendo palmas.

. fala estereotipada. Por exemplo, repetir a última frase dita por alguém (ecolalia).

. uso de objetos de forma muito peculiar. Por exemplo, ao invés de brincar, colocar carrinhos sempre na mesma disposição.

. dificuldades importantes com mudanças e transições devido à uma adesão muito rígida a rotinas e padrões.

. necessidade de fazer as mesmas coisas sempre da mesma forma. Por exemplo, querer vestir sempre a mesma roupa, brincar sempre com o mesmo brinquedo.

. interesses fixos e altamente restritos. Por exemplo, fixação em apenas uma peça de vestuário.

. hiper-reatividade a estímulos sensoriais. Por exemplo, fascinação por luzes, apalpar objetos por muito tempo.

. hiporreatividade a estímulos sensoriais. Por exemplo, indiferença quanto à temperatura ambiente, mesmo que extrema.

Em relação à prevalência, estima-se que aproximadamente 1% da população seja portadora da condição. Para cada pessoa do sexo feminino afetada, existem cinco do sexo masculino.

Em relação às causas, em até 90% dos casos é genética. Entretanto, deve-se deixar claro aqui que causa genética não significa necessariamente um erro genético que é passado de pais para filhos. Na verdade a maioria dos casos é uma combinação de mutações que no seu conjunto produzem a síndrome. Tais mutações não são herdadas e ocorrem de forma aleatória no momento da formação do código genético do embrião. Ressalta-se que na grande maioria são muitas mutações que nem sempre podem ser conhecidas.

A mídia e alguns setores do meio científico frequentemente apontam eventos, tais como infecções, vacinações e exposição ao mercúrio, como responsáveis pelo surgimento da doença. Entretanto, nenhuma destas possíveis causas tem comprovação. O que de fato se sabe é que existem alguns fatores que aumentam as possibilidades da ocorrência de autismo, conforme segue :

. idade avançada dos pais, especialmente do pai.

. exposição a drogas e alguns medicamentos como o ácido valproico durante a gestação.

. complicações na hora do parto.

Em relação ao prognóstico, em torno de 10 a 20% serão capazes de frequentar a escola e de trabalharem.

Duas síndromes bem específicas e bem estudas dentro do espectro autista são a síndrome de Rett e a síndrome de Asperger.

Na síndrome de Rett os sintomas iniciam a partir dos dois anos de idade. Após desenvolvimento normal nos primeiros dois anos de vida, a criança passa a apresentar a síndrome clássica de autismo, além de déficit intelectual, diminuição do tamanho do crânio e ataxia das pernas (marcha descoordenada). A mutação ocorre no cromossomo X (no sexo feminino temos dois cromossomos X e no masculino um X e um Y). Mais comum no sexo feminino.

Na síndrome de Asperger, o QI é normal ou superior e não há atraso na linguagem. Entretanto, a interações sociais e o uso da linguagem como instrumento de relação com outras pessoas é muito prejudicado. Em geral o funcionamento na escola é bom, apesar das limitações no convívio social.

Médico psiquiatra em Florianópolis, atende crianças, adolescentes, adultos e idosos. Consultas Whatsapp 48 999710076